Do Pé ao Pote: produtores de jabuticaba de Sabará são apoiados pelo Fundo Socioambiental da CAIXA
Projeto apoia a preservação de mananciais e o desenvolvimento da cadeia produtiva baseada na fruta, gerando trabalho para 1500 pessoas
Doces, geleias, compotas, farináceos, bebidas, gelados e tinturas feitas a partir da jabuticaba são alguns dos produtos criados ou aperfeiçoados na cadeia produtiva da fruta, contemplada em um dos mais de 200 projetos já apoiados pelo Fundo Socioambiental (FSA) da CAIXA.
Realizada em Sabará, Minas Gerais, a iniciativa ajuda a melhorar a qualidade de vida dos beneficiários, com impactos sociais e econômicos no município. Um exemplo concreto são os mais de 40 produtos oferecidos num dos principais eventos da região, o Festival da Jabuticaba, que neste ano deve acontecer no Centro Histórico da cidade, de 17 a 19 de novembro.
Além dos produtos tradicionais, chama a atenção a criação de farináceos, utilizados na confecção de tortas, pastéis e empadas; diferentes tipos de bebidas alcóolicas; e sorvetes. Com o apoio financeiro do FSA CAIXA, o projeto “Profissionalização da cadeia produtiva da jabuticaba: do pé ao pote" é conduzido pelo Probiomas, numa parceria que iniciou em abril de 2022.
O projeto também colabora para a recomposição florestal de áreas degradadas da região. No sistema agroflorestal, já foram plantadas quase 120 mil mudas de espécies nativas, sendo 31,9 mil de jabuticaba. Outro resultado importante foi a recuperação de 28 nascentes. Isso sem falar nos produtores mais antigos, que receberam apoio técnico para melhorar a qualidade dos frutos gerados e dos produtos derivados, aumentar a produção e, consequentemente, melhorar a renda e a qualidade de vida. Com isso, novos empreendedores também passam a se interessar em ingressar nesse mercado.
De forma direta, o projeto já auxiliou pelo menos 386 produtores de água, frutos e derivados. Indiretamente, o número chega a 2.335. Isso acontece por meio da produção orientada, com capacitações e cursos ministrados, além da criação de unidade de consultoria tecnológica, e do apoio de uma agroindústria modelo, que compartilha conhecimento com todos os interessados. Até o final do projeto, estima-se que 150 mil pessoas sejam indiretamente beneficiadas e ao menos 1.500 diretamente.
Superação
Apesar dos avanços, ainda são observados problemas relacionados à produção do fruto e de seus derivados. De um lado, são frequentes os ataques de pragas e doenças nas jabuticabeiras. Por outro, ainda é pequeno o conhecimento das Boas Práticas de Fabricação (BPF) dos derivados da fruta, há pouco controle de qualidade dos produtos e não há previsão de registro dos produtos na Vigilância Sanitária Estadual, MAPA ou na ANVISA.
Contudo, o projeto possui muitos exemplos de avanços. Beneficiário do projeto, Edir Pinto possui uma pequena empresa de produção de doces e salgados. Há mais de 20 anos no setor, aprendeu no projeto como fazer o controle de qualidade dos produtos e a aperfeiçoar outros, como o fruto desidratado, o pastel com recheio de jabuticaba, e a empada e o bolo feitos com a farinha da fruta.
Para Edir, “o mais gostoso da gastronomia é o desafio, é você inventar uma coisa e aquilo dar certo. Hoje, produzo salgados com mais qualidade, inclusive vegetarianos e veganos, e consigo atingir um público maior. Meus produtos têm mais visibilidade e tenho condições de comprar e vender mais, com um preço mais justo".
Com quase 30 anos trabalhando na produção de derivados de jabuticaba, Dirléia Conceição Peixoto conseguiu dobrar a renda com as vendas depois de participar dos cursos de qualificação. Ela produz na própria casa doces, licores, uísques e vinhos de jabuticaba (denominado “jabuvin").
“Após os cursos, fiquei mais segura para falar sobre meus produtos, pois passei a entender melhor sobre suas composições. Meus produtos agora possuem rótulos com informações nutricionais e são apresentados em embalagens mais interessantes. Isso dá mais credibilidade no mercado. De 2022 para cá consegui reformar a casa, comprar equipamentos novos para a cozinha e passei a ter condições de comprar etiquetas e rótulos para os meus produtos", relata Dirléia.
A Gerência Executiva de Governo Belo Horizonte (GIGOVBH) acompanha a execução dos contratos, garantindo a correta aplicação dos recursos do Fundo e aferindo os resultados. Para o coordenador da área, Bruno Cesar Hauck Falabella, “a maior gratificação é verificar a transformação positiva que os projetos causam na vida das comunidades. Escutar os depoimentos de pessoas como o Edir e a Dirléia motiva toda a equipe", conclui Bruno.
Inovação
Além da orientação técnica aos produtores, o projeto ainda possui um laboratório que controla a qualidade dos insumos e produtos gerados. Também oferece um espaço para o armazenamento refrigerado e beneficiamento da jabuticaba e derivados (agroindústria compartilhada comunitária), atendendo os requisitos estabelecidos pelas instituições de fiscalização e controle sanitário. Isso permite a disponibilização do fruto para os produtores de derivados em qualquer época do ano e o armazenamento e manutenção de insumos próprios, sem custo.
A coordenadora de projetos da Gerência Nacional de Inovação em Negócios de Impacto (GENIM), Íris Luna Macedo, visitou as instalações do projeto. “É incrível ver como a assistência técnica orientada pode fazer diferença na vida das pessoas. Mesmo com longa experiência, os produtores conseguiram desenvolver novos produtos e melhorar a qualidade dos que já produziam, aumentando a produção, as vendas e a renda, com reflexos na economia da região", declara a representante da CAIXA.
Atualmente, Sabará possui 95 estabelecimentos agroindustriais registrados e mais de 200 produtores de jabuticaba, gerando trabalho para cerca de 1.500 pessoas, responsáveis pela geração das dezenas de produtos que surpreendem e encantam os visitantes da região. “O Fundo Socioambiental da CAIXA se orgulha de fazer parte dessa história", conclui Íris, sentimento que é compartilhado pelos demais empregados do banco público.
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